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Bases Teóricas

A escolha da área de ação, do público alvo e da metodologia harmoniza-se fortemente com o projeto de universidade proposto pelo pensador Darcy Ribeiro. O projeto UVE representa uma das diversas conexões que a universidade deve estabelecer com a sociedade e com as realidades das comunidades. A pesquisa e as práticas desenvolvidas pelo projeto primam sempre pela preocupação com o nosso país, evitando ao máximo enxertos teóricos que pouco se adéquam às realidades brasileiras. Como diz Frei Betto: “a cabeça pensa onde os pés pisam”. São as situações-problema vivenciadas e trazidas pelas crianças que instigam a pesquisa dentro da universidade e com as próprias crianças.

 

Nas atividades pedagógicas desenvolvidas, a UVE adota como referencial teórico a Educação Popular freiriana, pois entende que seus pressupostos melhor se adequam aos objetivos do projeto. Isso se justifica pela compreensão de que a educação possui uma intencionalidade política de libertação, de modo que a interação entre conhecimentos populares e conhecimentos científicos tem grande poder emancipador e de transformação social. Assim, a prática educativa deve ser uma totalidade concreta, com a integração das práticas sociais, suas bases epistemológicas, culturais e político-econômicas.É basilar na atuação do projeto a concepção de que todos têm sabedoria e que esse saber deve ser aplicado à realidade da comunidade, num processo de luta e formação. Isso é feito de maneira coletiva, planejada e horizontal.

 

Para estruturar as atividades práticas sem entrar em contradição com os princípios fundantes da UVE, foi realizada uma ampla pesquisa a respeito da experiência da Escola da Ponte, em Portugal. Tal escola representa um trabalho pioneiro, concreto e de muito sucesso. O projeto pedagógico dessa escola rompe com algumas estruturas limitadoras do ensino tradicional, valoriza a autonomia de cada estudante em suas peculiaridades, permitindo um melhor desenvolvimento das possibilidades cognitivas e do aprendizado conectado à realidade.

 

Como observado, o projeto de extensão conta com pré-requisitos extremamente principiológicos de seus integrantes, principalmente universitários. Entende-se que a atuação de qualidade depende da adoção de uma postura ética em relação às crianças. Depois de experiências extremamente ricas em que foi imposto aos integrantes o desafio da alteridade, passou-se a conceber com maior atenção a adesão à proposta ética de reconhecimento do outro como um sujeito igualmente capaz de integrar o processo de construção do conhecimento. A adesão extrapola o âmbito de princípio de funcionamento do próprio projeto e passa a constituir a transformação irreversível dos seres no sentido de gerar seres humanos cada vez mais capazes de se solidarizar com o outro, que cada vez mais assume um rosto diverso, e cada vez mais deixa de ser o outro como oposto e distante.

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